Terça-feira, 3 de junho de 2025. 05:54
Em janeiro do ano passado, comecei a escrever cartas. Meu objetivo era simples: extrair uma parcela dos milhares de pensamentos que transitavam na minha cabeça.
No começo, era muito difícil escrever. Ainda lembro que as primeiras cartas demoravam uns dois dias para sair. Não porque eu não sabia escrever – ou talvez fosse isso mesmo. Eu simplesmente não tinha clareza sobre o que falar. Eu sabia que seria sobre negócios, só não sabia como.
Minha meta era escrever pelo menos duas cartas por semana. Isso daria umas 104 cartas no ano.
Com o passar das edições, fui pegando gosto e deixando de lado o perfeccionismo e os detalhes técnicos. Engraçado, porque naquela época eu nem escrevia para ninguém. Lembro de ter apenas uns 25 ou 30 inscritos – e, claro, era meu ciclo familiar e alguns poucos amigos.
Fui perdendo o medo do julgamento a cada carta.
Certa vez, contei como tinha sido o meu dia e os principais insights que tive. Falei sobre a dificuldade de manter a consistência quando parecia que ninguém lia minhas cartas. Naquele dia, muitas pessoas me responderam dizendo que não perdiam uma edição e que estavam adorando.
Quando comecei a ler os e-mails, tomei um susto. Parecia pegadinha ou um complô positivo para me agradar.
“-Essas pessoas combinaram”, pensei.
Só que eram feedbacks de pessoas de ciclos sociais diferentes. E então percebi: elas realmente estavam gostando de ouvir minhas histórias e dificuldades cotidianas, da vida e dos negócios.
Aquilo me motivou e, assim, passei todo o ano de 2024 escrevendo cartas. Foram 104 no total e mais de 600 inscritos acumulados. Foi incrível!
Em janeiro de 2025, escrevi minhas metas do ano. Em vez de 104 cartas, coloquei como meta gravar 104 vídeos no YouTube – mantendo a mesma frequência de duas vezes por semana. E, como bom cumpridor de metas anuais, me dediquei a gravar vídeos. Até agora, foram 45 vídeos publicados e mais de 600 inscritos no canal. Consegui atingir o mesmo número de inscritos na newsletter em apenas cinco meses, o que me mostrou que o YouTube poderia ser mais rápido para ganhar seguidores do que a newsletter.
E sabe o que aconteceu?
Acabei abandonando a escrita das cartas. A última foi em 7 de março. Depois, nunca mais. Isso começou a me incomodar. Parecia que eu simplesmente tinha ignorado os 600 inscritos que recebiam meus e-mails – sem um motivo claro, sem nem uma nota de esclarecimento.
Eu estava sentindo falta das cartas. Quando pensei em voltar a escrevê-las, veio o medo: será que alguém ainda vai ler? Será que ainda vão se conectar com minhas histórias? Será que ainda faz sentido para alguém receber essas cartas?
Quase desisti. Mas pensei: como vou saber se alguém ainda lê minhas cartas se eu não enviá-las?
E aqui estou, escrevendo estas linhas. Ainda bem que fiz isso. Sinto uma alegria genuína, escrevendo no meu escritório com um sorriso de canto no rosto – aquele sorriso que pergunta “está rindo de quê?”, e a gente responde: “nada não, só lembrei de algo legal…”
Esse retorno me fez refletir sobre três coisas:
No começo de um projeto, quando tudo é difícil, começamos com empolgação, quebrando barreiras e nos desafiando. Mas, ao longo do tempo, quando essa empolgação esfria – mesmo quando o projeto já ganhou tração – desistimos.
Nunca é tarde para recomeçar. Se você tem um projeto que parou sem motivo, que tal retomá-lo? Isso pode mudar a vida de muitas pessoas (e a sua também).
Siga seus desejos mais profundos. Siga o que seu coração mandar, mesmo que agora não faça sentido. Você será preenchido por algo maior: o tal do propósito.
Bem, vou ficando por aqui. Não sei se você leu até o final, mas se sim, me manda um e-mail de resposta: Rodrigo, tô aqui.
Vai ser ótimo saber que você ainda está comigo.
Um abraço e até a próxima.